Crescimento do consumo da douradinha em Manaus e no Brasil aumenta matança de botos
Filés são vendidos em supermercados e lojas especializadas de Manaus, mas o principal consumidor brasileiro do peixe que come carniça é São PauloO consumidor brasileiro do peixe conhecido como douradinha, mesmo sem saber, está contribuindo para a matança dos botos tucuxi e vermelho.Muito apreciado no mercado colombiano, o consumo tende a crescer no mercado interno de Manaus, segundo prognósticos de especialistas, que alertam para o aumento progressivo do abate dos mamíferos aquático nos últimos anos.Douradinha é como foi rebatizado no mercado consumidor regional e nacional o peixe piracatinga (Colophisus macropeterus), chamado pelos caboclos da região como “urubu d´água” devido à sua voracidade por carnes em decomposição, sobretudo as do boto.Para acumular 1.800 toneladas de douradinha (não confundir com dourada), que é a média anual de captura deste peixe no mercado local, é preciso abater aproximadamente 4.300 botos ao ano, segundo cálculos estimados pela Secretaria Estadual de Produção Rural (Sepror).Segundo José Leland, analista ambiental e assessor da secretaria executiva da pesca da Sepror, o crescente interesse pelo consumo da douradinha, registrado desde 2006, está intimamente vinculado à intensificação do abate dos botos no Amazonas de cinco anos para cá.O Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também já identificou essa associação e vem aumentando a fiscalização nas calhas dos rios.“O aumento do alerta da matança do boto está proporcional ao tempo que a douradinha também passou a ser vendida em Manaus com essa nova nomenclatura, para ter boa aceitação”, disse Mário Lúcio Reis, coordenador do Ibama no Amazonas.MercadoO mercado consumidor da douradinha em Manaus ainda é incipiente, mas a tendência é de crescimento, segundo Leland. Na capital amazonense, ele é vendido em forma de filé em supermercados e lojas especializadas, a uma média de oito reais o quilo.Segundo Mário Lúcio Reis, o principal mercado é o Estado de São Paulo. O peixe também é exportado, na maioria das vezes clandestinamente, para a Venezuela e Colômbia. A partir destes países, eles são enviados para destinos desconhecidos.Em Manaus, os principais consumidores são “pessoas de fora e turistas”, conforme Leland, pois o peixe é oferecido em cardápios de restaurante e hotéis. “O consumidor do Amazonas tem uma rejeição natural porque se trata de um peixe liso e que come carniça. Mas ele é massivamente exportado para a Colômbia e para São Paulo. Pelo que a gente tem notícia, é também muito consumido nos Estados Unidos”, disse.Das 1.800 toneladas comercializadas anualmente, 1.100 toneladas, contudo, são vendidas de forma clandestina, com saída pela fronteira do país com a Colômbia.Dados da Sepror estimam que em Manaus, a produção dos frigoríficos é de 450 toneladas ao ano visando o mercado colombiano, venezuelano e paulista.O consumo interno da douradinha (que também recebe o nome de pintadinha) é abastecido com 180 toneladas por ano. Eles são consumidos sobretudo hotéis e restaurantes.Esta quantidade corresponde a 1,2% do total de peixe comercializado em Manaus, que chega a 160 mil toneladas ao ano.ProteínasDe carne tenra, com proteínas e de fácil digestão, a piracatinga não deve ter seu consumo proibido, mas é preciso despertar a consciência ambiental do consumidor, na avaliação de Mário Lúcio Reis e José Leland.Leland também é cauteloso quando o assunto é proibir o consumo do peixe. Para ele, é preciso tornar a fiscalização mais dura para coibir o abate do boto e incluir o animal no anexo da convenção dos animais com risco de extinção.“Acho que o consumo da Piracatinga é até bom à medida que diminui a pressão contra outras espécies, como o jaraqui e o aruanã. O problema está na forma como o peixe é capturado", disse.A preferência pela carne do boto é que este animal tem fibras musculares e muita gordura. Morto, ele libera um cheiro forte e sua gordura escorre no rio.AliciamentoO chefe de fiscalização do Ibama no Amazonas, Jérffeson Lobato, descreve consumo da douradinha como “uma coisa legal conseguida de forma ilegal”.“Se as pessoas soubessem que elas estão consumindo os peixes que comem carne de botos capturados ilegalmente elas não comprariam e impediriam, de certa forma, a pesca para abastecer Manaus”, comentou.Segundo Lobato, o Ibama realiza fiscalização da pesca do boto nas regiões dos municípios de Tefé e Maraã, mas segundo ele, esta ação é difícil porque muitos donos de barcos-frigoríficos aliciam ribeirinhos para que eles realizem o abate do mamífero.“Em março pegamos e multamos um barco, em Fonte Boa, pescado com carne de boto e jacaré”, informou.
O consumidor brasileiro do peixe conhecido como douradinha, mesmo sem saber, está contribuindo para a matança dos botos tucuxi e vermelho.
Muito apreciado no mercado colombiano, o consumo tende a crescer no mercado interno de Manaus, segundo prognósticos de especialistas, que alertam para o aumento progressivo do abate dos mamíferos aquático nos últimos anos.
Douradinha é como foi rebatizado no mercado consumidor regional e nacional o peixe piracatinga (Colophisus macropeterus), chamado pelos caboclos da região como “urubu d´água” devido à sua voracidade por carnes em decomposição, sobretudo as do boto.
Para acumular 1.800 toneladas de douradinha (não confundir com dourada), que é a média anual de captura deste peixe no mercado local, é preciso abater aproximadamente 4.300 botos ao ano, segundo cálculos estimados pela Secretaria Estadual de Produção Rural (Sepror).
Segundo José Leland, analista ambiental e assessor da secretaria executiva da pesca da Sepror, o crescente interesse pelo consumo da douradinha, registrado desde 2006, está intimamente vinculado à intensificação do abate dos botos no Amazonas de cinco anos para cá.
O Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também já identificou essa associação e vem aumentando a fiscalização nas calhas dos rios.
“O aumento do alerta da matança do boto está proporcional ao tempo que a douradinha também passou a ser vendida em Manaus com essa nova nomenclatura, para ter boa aceitação”, disse Mário Lúcio Reis, coordenador do Ibama no Amazonas.
Mercado
O mercado consumidor da douradinha em Manaus ainda é incipiente, mas a tendência é de crescimento, segundo Leland. Na capital amazonense, ele é vendido em forma de filé em supermercados e lojas especializadas, a uma média de oito reais o quilo.
Segundo Mário Lúcio Reis, o principal mercado é o Estado de São Paulo. O peixe também é exportado, na maioria das vezes clandestinamente, para a Venezuela e Colômbia. A partir destes países, eles são enviados para destinos desconhecidos.
Em Manaus, os principais consumidores são “pessoas de fora e turistas”, conforme Leland, pois o peixe é oferecido em cardápios de restaurante e hotéis.
“O consumidor do Amazonas tem uma rejeição natural porque se trata de um peixe liso e que come carniça. Mas ele é massivamente exportado para a Colômbia e para São Paulo. Pelo que a gente tem notícia, é também muito consumido nos Estados Unidos”, disse.
Das 1.800 toneladas comercializadas anualmente, 1.100 toneladas, contudo, são vendidas de forma clandestina, com saída pela fronteira do país com a Colômbia.
Dados da Sepror estimam que em Manaus, a produção dos frigoríficos é de 450 toneladas ao ano visando o mercado colombiano, venezuelano e paulista.
O consumo interno da douradinha (que também recebe o nome de pintadinha) é abastecido com 180 toneladas por ano. Eles são consumidos sobretudo hotéis e restaurantes.
Esta quantidade corresponde a 1,2% do total de peixe comercializado em Manaus, que chega a 160 mil toneladas ao ano.
Proteínas
De carne tenra, com proteínas e de fácil digestão, a piracatinga não deve ter seu consumo proibido, mas é preciso despertar a consciência ambiental do consumidor, na avaliação de Mário Lúcio Reis e José Leland.
Leland também é cauteloso quando o assunto é proibir o consumo do peixe. Para ele, é preciso tornar a fiscalização mais dura para coibir o abate do boto e incluir o animal no anexo da convenção dos animais com risco de extinção.
“Acho que o consumo da Piracatinga é até bom à medida que diminui a pressão contra outras espécies, como o jaraqui e o aruanã. O problema está na forma como o peixe é capturado", disse.
A preferência pela carne do boto é que este animal tem fibras musculares e muita gordura. Morto, ele libera um cheiro forte e sua gordura escorre no rio.
Aliciamento
O chefe de fiscalização do Ibama no Amazonas, Jérffeson Lobato, descreve consumo da douradinha como “uma coisa legal conseguida de forma ilegal”.
“Se as pessoas soubessem que elas estão consumindo os peixes que comem carne de botos capturados ilegalmente elas não comprariam e impediriam, de certa forma, a pesca para abastecer Manaus”, comentou.
Segundo Lobato, o Ibama realiza fiscalização da pesca do boto nas regiões dos municípios de Tefé e Maraã, mas segundo ele, esta ação é difícil porque muitos donos de barcos-frigoríficos aliciam ribeirinhos para que eles realizem o abate do mamífero.
“Em março pegamos e multamos um barco, em Fonte Boa, pescado com carne de boto e jacaré”, informou.
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