Relatório divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) indica que uma seca na Amazônia igual à de 2005 seria esperada em um período de 20 anos. No entanto, ela se repetiu em 2010 e muito mais intensa.
O estudo científico sugere que pelas condições atuais uma seca extrema vai acontecer, até 2025, uma vez em dois anos e, até 2060, 9 vezes em 10 anos.
Esta informação se encontra na publicação “Riscos das Mudanças Climáticas no Brasil”, divulgado pelo Inpe e pelo Met Office Hadley Centre (MOHC).
Neste trabalho, o enfoque principal é a região Amazônica e sua importância para o clima global do Brasil e do planeta.
De acordo com o relatório, até o fim do século 21, as mudanças climáticas deverão aumentar a freqüência e a intensidade das alterações dos ciclos hidrológicos e a variabilidade climática.
Conforme o estudo, se as secas intensas como a de 2005 se tornarem comuns no futuro, serão necessárias medidas de adaptação para evitar que os impactos sentidos naquele ano aconteçam mais frequentemente com igual devastação.
Desmatamento
O documento é resultado de três anos de trabalho de pesquisadores do Reino Unido e do Brasil, com financiamento da Embaixada Britânica. Ele foi coordenado pelo pesquisador do Inpe, José Marengo, que possui vários trabalhos sobre as alterações climáticas e sobre os ciclos hidrológicos na Amazônia.
No relatório, os pesquisadores destacam que floresta Amazônica é sensível às forças provenientes das mudanças climáticas e que o aumento na temperatura e acréscimo das chuvas pode ser maior na Amazônia do que a variação global média esperada.
Conforme o estudo, embora os tomadores de decisão desenvolvam medidas eficazes para enfrentar eventos extremos, alguns impactos cumulativos podem se intensificar.
É o caso do processo de “savanização”, que começa no leste da Amazônia, se estenda mais rapidamente para o oeste, provocando seca na parte ocidental.
“Na Amazônia, as projeções são de grandes reduções percentuais na precipitação pluviométrica e de elevações da temperatura do ar, com mudanças mais acentuadas depois de 2040”, diz trecho do estudo.
O estudo explica ainda que o o ciclo hidrológico na Amazônia indica que a floresta recicla em torno de 50% das precipitações pluviométricas e que, se o desmatamento for da ordem de 30%, ela será incapaz de gerar chuvas suficientes para se manter, gerando um círculo vicioso de “quanto mais perda de foresta, menos precipitações”.
Os pesquisadores também fazem uma perda para os impactos econômicos provocados pela diminuição de chuvas: mais de 70% da energia brasileira vem de usinas hidrelétricas, portanto uma redução na precipitação pluviométrica pode limitar o fornecimento de eletricidade, afetando as atividades industriais nas regiões mais importantes do país do ponto de vista econômico.
O relatório está disponível na íntegra no site www.inpe.br.
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