É lamentável, profundamente lamentável, que o Governo Brasileiro, por incompetência ou conivência com aqueles que devastam a natureza para favorecer seus lucros, esteja apoiando a construção da Usina de Belo Monte, às margens do Rio Xingu, no Pará, em pleno coração da floresta amazônica.
O falso pretexto é a solução de problemas energéticos e a geração de energia barata, o que seria conseguido com a construção dessa que iria se transformar na terceira maior hidrelétrica do mundo. Para quê? Para operar apenas com 39% da sua capacidade total, já que a vazão máxima do rio, que se altera pelas sazonalidades climáticas, só consegue manter este limite máximo? Ora, se a capacidade de produção total estimada jamais poderá ser atingida, houve erro de cálculo, um superdimensionamento. Então o empreendimento - para olhar apenas pelo lado técnico-econômico - já seria inviável. Se acrescentarmos a isso os inevitáveis impactos ambientais, não haveria como justificar Belo Monte, a não ser que (como sempre) outros interesses menos nobres houvessem por trás disso. E certamente existem.
Alex Jones, conhecido ativista americano em favor dos direitos civis, diz em seu site "Infowars": "Descubra o caminho do dinheiro e descobrirá os responsáveis e as respostas". E essa regra de ouro, se aplicada a Belo Monte, poderá nos dar as respostas dos porquês de tanta insistência em aprovar um projeto faraônico que não se justifica e que, no futuro, poderá vir a transformar-se em um elefante branco. Mas quem disse que os interessados se importam com o futuro? Para eles, o que interessa é o agora. Fazem lobby, pagam propinas, financiam campanhas políticas e publicitárias, enganam, mentem… Sim eles fazem tudo o que for preciso para conseguir a autorização do empreendimento para, depois, como aves de rapina, consumirem todo o dinheiro liberado para o projeto e deixar a obra lá, antieconômica e sem funcionalidade, apenas "para inglês ver". Num projeto já hoje orçado em 30 bilhões de reais, surgirão os superfaturamentos, as notas frias, as concorrências fraudulentas, os "aditivos", o emprego de material inferior, os desvios de dinheiro indo para contas em paraísos fiscais…Mas aí, já não importará mais, pois eles já terão obtido o seu retorno financeiro e o meio ambiente, o povo e o país que se explodam. Eles já saíram de cena, bem remunerados. Assim é, assim sempre foi.
Pressões para aprovação do projeto aumentam e provocam renúncias
Não foi só Marina Silva que Belo Monte derrubou (ela se opunha ferrenhamente e, por isso, não se sustentou no Ministério do Meio Ambiente, cumulativamente com os problemas com os ruralistas, é claro). A terceira vítima, o presidente do IBAMA, Abelardo Bayama Azevedo, renunciou esta semana, por não resistir às pressões para ser favorável à concessão da licença ambiental para as obras, às quais ele se opunha, por não conseguir convencer-se dos seus benefícios para o país. Anteriormente, Roberto Messias, um outro ex-presidente e segunda vítima, renunciou pelos mesmo motivos.
A incômoda posição de Dilma Rousseff:
Além da Eletronorte, os maiores interessados na aprovação são as construtoras, consórcios, empreiteiras, fundos de pensão e empresas de energia e mineração, como a ALCOA e a Votorantim, entre as principais. Estas possuem fábricas na região e a construção de uma hidrelétrica fornecendo energia barata (para eles) é tudo o que querem. E é esse povo que pressiona e são também eles os que mais contribuíram com doações para a campanha de Dilma Rousseff. A pergunta que advém daí é: Dilma conseguirá dizer não a eles?
Não podemos nos esquecer que o governo do ex-presidente Lula apoiava o projeto mas, ao mesmo tempo, dizia que ele só seria definitivamente autorizado depois da conclusão positiva de todos os estudos de impactos ambientais. Queria agradar a gregos e troianos e assim foi levando porque sabia que a questão, que vem se arrastando desde 1980, quando a Eletronorte começou a fazer os primeiros estudos de viabilidade técnica e econômica do Complexo Hidrelétrico de Altamira, não seria resolvida no seu governo. E convenhamos, nessas artimanhas ele era bom.
Mas agora é diferente. A batata quente está nas mãos de Dilma e não dá mais para ficar em cima do muro porque as pressões daquela "tchurma" lá de cima, que já investiu uma grande soma de capital, apostando no licenciamento definitivo do projeto, vão aumentar. Será possível colocar Belo Monte em funcionamento sem um grande sacrifício para o meio ambiente? Se ela estiver mesmo disposta a cumprir as promessas de campanha, terá de dizer NÃO, esquecendo todos os compromissos antes assumidos por Lula em relação a este assunto. Terá coragem? O tempo vai dizer. Fiquemos de olho!
O que está em jogo?
É difícil explicar apenas com palavras tudo que envolve a construção da Usina de Belo Monte. O leitor não conseguiria ter uma perfeita compreensão sem antes ver as imagens da região afetada, compreender e até conseguir sentir, por empatia, o que sente o povo. No cenário de jogo de forças com os atores envolvidos, parece que o que menos conta é o interesse nacional e a preservação do meio ambiente.
O vídeo, narrado por Dira Paes, é uma tradução do original em Inglês "Defending the Rivers of the Amazon", narrado pela atriz americana Sigourney Weaver, numa filmagem e animação 3D produzida pelo Google Earth, para apoiar o movimento ‘Xingu Vivo Sempre". Nele, entre imagens reais e simulações animadas, pode-se prever claramente o que irá acontecer com o Rio Xingu e as regiões a ele ligadas. Se desejarem ver a parte 2 do vídeo, basta ir ao Youtube e clicar ou fazer isto aqui mesmo, após o encerramento.
Vemos que o projeto prevê a construção de uma barragem, 40 km abaixo da cidade de Altamira, no Pará, em pleno coração da selva amazônica. Afetará um trecho de 100 km do rio, que terá suas água desviadas por canais de derivação, ficando com a sua vasão reduzida, em função desses desvios. Isto prejudicará a navegabilidade do rio e de seus afluentes, a fauna, a flora, a população indígena e a população ribeirinha, que terão de ser removidas. Para quê? Para o falso pretexto de solução dos problemas energéticos da região, numa usina que teria capacidade para produzir 11,2 mil MW, mas que só poderá utilizar, por decorrências sazonais do clima, um máximo de 4,5 mil MW e, assim mesmo, só no período das cheias. A média operacional prevista seria em torno de 1,1 MW, ou seja 10% da capacidade total. Estranho, muito, estranho. Tudo indica que a obra foi superestimada, intencionalmente.
Então, o que está em jogo aqui, não é o interesse nacional, mas sim os interesses do governo (que não iguais aos do povo) e dos grupos econômicos investidores, agora representados pelos vencedores do leilão, o consórcio Norte Energia, formado pelas empresas Chesf, Construtora Queiroz Galvão, Gaia Energia e Partcipações, Galvão Engenharia, Mendes Energia, Serveng, J. Malucelli Construtora, Contem Construções e Cetenco Engenharia (fonte: Wikipédia)
Onde protestar e como aderir às campanhas?
Dentre os movimentos de protestos existentes, dois se destacam: Xingu Vivo Sempre (o mencionado neste artigo e no vídeo) e o Pare Belo Monte! (da Avaaz.org), este último, ao qual já aderi. Vocês poderão procurar qualquer um dos sites (ou os dois) e seguir as instruções para aderir às suas campanhas.
Não apenas por ser membro da Avaaz, recomendo esta opção porque tão logo completadas 150.000 assinaturas a petição será entregue à presidente Dilma, o que será rápido. Além disso, o site automatiza a opção para você divulgar a campanha no seu twitter. Quanto a mim, estou fazendo a minha parte: na Avaaz, na divulgação por emails e no Twitter, no Greenpeace e agora aqui, na Rede DDD. Se todo mundo que aderir der pelo menos uma twitada, a coisa anda mais rápido. Segue o link daAvaaz.org para aderir à campanha contra a Usina de Belo Monte:
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